Mulheres Canábicas: Qual o impacto da frente feminina na indústria?
Hoje é dia 8 de março e ao redor do mundo “comemora-se” o Dia Internacional da Mulher.
Essa é uma data que vai muito além de um simples “parabéns, mulheres, pelo seu dia”... trata-se de um marco histórico da luta feminina por igualdade de gênero dentro de uma sociedade patriarcal.
Nós sabemos que pouco se fala sobre a origem dessa data no nosso calendário. Muito além da celebração do feminino, esse dia simboliza a luta que as mulheres vem travando pelos seus direitos dentro da sociedade desde 1910 na Europa. E só em 1975, após ocorrerem diversas tragédias, a ONU oficializou o dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher.
Os anos se passaram, e nós nos encontramos aqui. Muitas coisas melhoraram, isso é um fato, mas nada comparado ao lugar que poderíamos já ter alcançado se todo o poder tecnológico de comunicação que nós temos hoje não fossem usados para reprimir até a discussão sobre assuntos mais básicos, principalmente quando o tema abordado envolve o universo canábico.
Esse é o exemplo de uma nova indústria que está emergindo e ainda assim mulheres encontram dificuldades em ocupar espaços e ter voz ativa para construir suas carreiras, compartilhar seus conhecimentos a respeito da planta e até mesmo consumir a sua ganjah sem correr riscos.
Segundo relatórios da MJBizDaily, em 2017 as mulheres ocupavam 37% dos cargos executivos na indústria canábica e em 2022 essa porcentagem caiu para 8%. E embora isso infelizmente aconteça muito em todas as indústrias, esperava-se que a cannabis proporcionasse um cenário diferente.
Agora, veja só, segundo um relatório recente da The Arcview Group e da National Cannabis Industry Association, empresas que possuem mulheres nos cargos de liderança têm mais retorno de investimentos, menor taxa de rotatividade de funcionários e margens de lucro mais altas. Isso deixa claro que, mesmo que as mulheres mandem muito bem, ainda é difícil conquistar os espaços dominados por homens.
Quando o assunto é consumo da cannabis, as mulheres também apresentam uma parcela maior e crescente como novas usuárias, tanto do uso recreativo quanto do uso medicinal. Segundo dados da Brightfield Group, dentre os consumidores de cannabis nos EUA, 59% são mulheres.
Aqui no Brasil ainda é difícil obter números específicos em relação à indústria canábica, mesmo porque não é um país onde a planta seja descriminalizada ou legalizada. Mas uma coisa é fato, se no geral elas não estão em altas posições executivas, na área canábica - infelizmente - não seria diferente.
E o que podemos fazer em relação à luta feminina? Acreditamos que a troca de informação é a base para se alcançar qualquer objetivo e nesse caso não seria diferente. Existem muitas mulheres com projetos incríveis que merecem todo o reconhecimento pelo trabalho que fazem, então promovam o trampo delas, leiam o livro que as minas dão o sangue para escrever, empoderem mulheres, façam parcerias com mulheres e acima de tudo, protejam e incentivem as potências femininas!
Pensando nisso, aqui está uma lista com algumas mulheres que têm impactado a indústria canábica e revolucionado os modelos de negócios pelo mundo. Inspirem-se nelas!
Fundadora e diretora da APEPI (Associação de Apoio à Pesquisa e Pacientes de Cannabis Medicinal) que hoje tem como missão promover o acesso ao uso medicinal da cannabis à pesquisa, aos canais informativos e educacionais a fim de conscientizar a sociedade e desmistificar os assuntos ligados à planta.
A brasileira Margarete Brito é formada em Direito pela Universidade Bandeirantes em São Paulo e iniciou seu ativismo canábico como uma mãe de paciente em busca de um tratamento realmente eficaz. Ao longo dos anos à frente da luta canábica, ela sentiu na pele a repressão machista imposta de forma subjugada. Em 2022 a APEPI se tornou a primeira fazenda legalizada para o cultivo de cannabis no Rio de Janeiro, um marco histórico para Margarete e para todas as famílias abraçadas pela associação.
Com o objetivo de promover a inclusão da diversidade na indústria da cannabis, as americanas Amber Senter e Tsion Sunshine fundaram a Supernova Women, uma organização sem fins lucrativos que luta pela anistia fiscal de cannabis para pequenas empresas de cannabis em Oakland, Califórnia.
O projeto visa incluir pessoas negras e pardas, principalmente mulheres, no mercado canábico. Após Senter utilizar cannabis em seu tratamento para lúpus, ela encontrou na planta uma paixão a ser explorada. Através da criação da Supernova elas buscam educar através de eventos, painéis de discussão, webinars, blogs e outros meios de comunicação, para atingir cada vez um público maior.
Maria Eugênia é uma brasileira formada em relações internacionais pela FAAP. Ela entrou para o empreendedorismo canábico quando se mudou para a Espanha e teve acesso a cosméticos à base da planta.
Ao explorar o mercado canábico ela sentiu falta de um mapeamento do consumidor de cannabis no Brasil e assim ela começou o seu negócio especializado em dados e inteligência de mercado no segmento da maconha, a Kaya Mind. Desde a sua fundação mais de 15 players do mercado já foram atendidos. Entre os serviços disponibilizados estão: relatórios, consultorias sobre o tema e apuração e coleta de dados.
Doutoranda em História Social pela Universidade Federal da Bahia, Luíza dedicou-se à pesquisa sobre o processo de criminalização e proibição de drogas no Brasil republicano, entre elas a Maconha.
Em seu livro Fumo de Negro: A Criminalização da Maconha no Pós-Abolição é o resultado de um estudo complexo sobre as questões cientificas, políticas e os mecanismos sociais que contribuiram com a proibição da Cannabis no século XX.
Redutora de danos, psicóloga e fotógrafa, Alice Reais fundou a Girls In Green a fim de unir seu amor pela cannabis e a educação sobre redução de danos e extrações. Ela vive na Califórnia desde 2017 onde pôde aperfeiçoar seus conhecimentos sobre o mundo canábico.
Atualmente Alice tem se dedicado ao trabalho de compartilhar, transformar e empoderar pessoas de todas as idades sobre cultivo através do do instagram e blog Girls In Green, onde trabalha com mais minas que fazem acontecer na cena.
• Mila Jansen (The Hash Queen)
Se você sabe o que é Ice-O-Lator ou Bubble Hash e ama extrações, você deve todos os seus agradecimentos à grandiosa Mila Jansen.
Mila nasceu em Liverpool na Inglaterra, mas foi criada na Holanda. Aos 20 anos ela conheceu um médico com o qual namorou, ele fazia estudos sobre os efeitos da Cannabis no corpo humano e esse foi seu primeiro contato com a planta.
Aos 24 anos, Mila partiu para Índia, onde morou por muitos anos e aprendeu diversas técnicas milenares de extração. Depois de 20 anos viajando, ela retornou para a Holanda e modernizou todas as técnicas que aprendeu criando o nosso amado dab.
Texto por:
Marina da Silva Rodrigues